Conversando com o paciente (II)

Quem conta a história do seu corpo?

Não é incomum recebermos um cliente e ele (ou ela), antes mesmo de se sentar, já nos apresentar a sua “sacolinha” de exames. Naturalmente, compreendemos que esse processo de “apego” nos diz algo sobre como esse indivíduo foi avaliado previamente e o que foi considerado importante.

Nós, que estamos do outro lado da linha, nos deparamos com um cenário de um cliente angustiado e que carrega todos os seus problemas/dores dentro de uma sacola ou de um envelope. Alguém que sofre enquanto não pegamos os exames e, por vezes, até mesmo desconsidera a importância de tudo que está sendo perguntado e correlacionado clinicamente.
Exames complementares (como o próprio nome nos sugere) complementam algo e, esse algo, é muito mais importante – por favor, acreditem. As perguntas feitas durante a anamnese e o exame físico expressam a integralidade do que realmente está acontecendo com aquele organismo. Duvida?! Vamos exemplificar:

Todos já ouviram falar na temida e corriqueira hérnia de disco. Existem pessoas que têm hérnia extrusa (considerado o estágio mais avançado e, geralmente, com indicação cirúrgica) e não sentem dor alguma. Talvez, elas nem saibam algum dia que a tiveram. Ao mesmo tempo, existem pessoas com uma protrusão discal (considerado estágio inicial) que não conseguem levantar da cama tamanha dor que sentem. Para esses casos, perguntamos: em qual momento a sua sacola passou a ser mais importante que o seu relato? Será que o bom profissional é aquele que mais valoriza a imagem frente a sua história? Será que a sua dor realmente vem da lesão ou da “anormalidade” da imagem ou será que ela já estava lá há muito tempo e tê-la descoberto foi um ótimo pano para manga?!

Existem perguntas que nunca saberemos responder. A única coisa certa é que o nosso organismo sempre encontra uma forma de se adaptar e funcionar. Não somos gatos, mas temos muito mais do que 7 vidas, acredite.

Equipe Equilíbrio Studio.